Agronegócio e transformações de práticas camponesas numa região do ecótono Cerrado-Caatinga, Sudoeste do Piauí.
Palavras-chave:
Apropriação camponesa. Commoddities. Agronegócio.Resumo
As estratégias agroecológicas de resistência camponesa, suas interfaces com a agrobiodiversidade nas áreas de ecótono Caatinga-Cerrado afetadas pelo agronegócio, ainda são pouco estudadas. Dessa forma, o objetivo geral do estudo foi analisar as transformações no saber-fazer de práticas agroecológicas de camponeses/as da comunidade Feirinha, Redenção do Gurguéia no Piauí (PI) frente à expansão da fronteira agrícola do agronegócio (principalmente soja) no estado. A coleta de dados secundários sobre as séries históricas de áreas utilizadas na produção de commodities no Piauí incluiu dados da CONAB (2011-2021) e do censo agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). A coleta de dados primários foi realizada a partir de observação participante e dez entrevistas semiestruturadas com camponeses (6 homens, 5 mulheres) da comunidade Feirinha. Observamos uma expansão no avanço da fronteira agrícola: as áreas de cultivo da soja têm sido dobradas no estado, desde 2015, sem nenhum decréscimo anual. Este período coincide, na comunidade, com perdas de territórios comunais e cercamentos nas áreas de caatingas e chapadas, impactando a criação de gado e coleta de frutos do Cerrado. Identificamos que a utilização de barragens traz impactos para a pesca e a introdução de insumos e técnicas de manejos voltados para o agronegócio coincidem com perdas de variedades nas espécies cultivadas. Concluímos que as transformações de práticas humanas agroecológicas podem comprometer a sustentabilidade no ecótono cerrado-caatinga, uma vez a perda de variabilidade de manejos resulta em impactos na multifuncionalidade, nas interações e na segurança genética nos territórios/modos de vida desses camponeses.
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