Explorando a relação entre ecologia da paisagem e morfologia urbana

uma revisão sistemática

Autores

  • Gabriela Martins Flores Universidade Federal do Rio Grande do Sul image/svg+xml
  • Fábio Lúcio Lopes Zampieri Universidade Federal do Rio Grande do Sul image/svg+xml
  • Isis Portolan dos Santos Universidade Federal de Santa Maria image/svg+xml

DOI:

https://doi.org/10.17271/23178604134620256042

Palavras-chave:

Ecologia da paisagem, Morfologia urbana, Estado da arte

Resumo

Objetivo - Este artigo apresenta uma revisão sistematizada da literatura, com a finalidade de compreender as relações entre a ecologia da paisagem e morfologia urbana. O artigo investiga como essa relação vem sendo aplicada em estudos urbanos, principalmente utilizando as ferramentas dos Sistemas de Informações Geográficas (SIG).

Metodologia – Para isso, foi realizada uma revisão sistemática com um recorte temporal de duas décadas, entre 2004 e 2024. O processo metodológico incluiu a busca por artigos científicos em bases de dados, aplicando a string de pesquisa que melhor atendia ao objetivo do estudo e que relacionava a ecologia da paisagem, conectividade da paisagem, configuração espacial e morfologia urbana. Foram utilizadas as bases de dados Scopus e ScienceDirect, aplicando os operadores booleanos para uma busca mais eficiente.

Originalidade/relevância – O campo de estudos de morfologia urbana é vasto, com diversas teorias e metodologias para analisar a forma urbana das cidades. O mesmo ocorre com o campo da ecologia da paisagem, consolidando estudos sobre a relação entre a natureza e as cidades. Há uma preocupação que relaciona ambos, a morfologia e a ecologia da paisagem, na questão do desenvolvimento sustentável e nas soluções baseadas na natureza no que tange o planejamento urbano e regional. Esta análise tem sido intensificada mais recentemente a fim de mitigar os impactos da ação antrópica, da ação climática e das transformações espaço-temporais e, assim, conservar e preservar a paisagem natural em meio ao cenário urbano. Entretanto, a relação entre ambos os campos de estudos não está evidente e clara, uma vez que poucas pesquisas evidenciam o estado da arte dessa relação. Logo, questiona-se as possíveis interações e suas aplicabilidades em estudos urbanos e regionais.

Resultados – Assim, foram explorados 29 artigos científicos e os resultados indicaram a existência, ainda que menor e mais recente, de estudos que abordem a morfologia urbana e a ecologia da paisagem. As abordagens foram classificadas em diferentes grupos temáticos: acessibilidade a áreas verdes, unidades de paisagem, análise espacial e correlação espacial, forma urbana e crime, transformações da paisagem e corredores verdes. Esses grupos evidenciaram semelhanças nos métodos e nas discussões, o que fomenta e fortalece o diálogo entre os campos. Os resultados apontaram o uso unânime do SIG como ferramenta de análise dos estudos empíricos e a maioria adotou a cidade como escala principal de análise, seguida pela escala regional, o que reforça a necessidade de compreender o espaço em sua totalidade para investigar a relação entre forma urbana e paisagem. Grande parte das pesquisas não incorporou análises espaço-temporal, resultando em abordagens predominantemente estáticas, sem captar as transformações ao longo do tempo.

Contribuições teóricas/metodológicas – O artigo contribui para explorar com embasamento teórico a relação entre morfologia e paisagem, conformando um estado da arte. O texto evidencia a integração teórica entre os dois campos, sobretudo no que se refere ao objeto de análise, os quais investigam a cidade, principalmente as áreas urbanas e sua relação com natureza. Além disso, o artigo destaca a importância do uso de geotecnologias para compreender essa relação no espaço urbano, seja por meio de análises espaciais ou análises espaço-temporais, seja pela conformação de soluções baseadas na natureza voltadas ao enfrentamento das transformações da paisagem urbana. O artigo contribui ao sistematizar e apresentar a produção científica que articula esses dois campos de estudo, auxiliando na identificação da lacuna de conhecimento existente. Entretanto, os resultados revelam que ainda há um cenário a ser explorado, especialmente no que tange à compreensão de até que ponto a morfologia influencia, integra, impacta ou contribui para a ecologia da paisagem, e vice-versa. Por fim, o método de pesquisa adotado permite a replicabilidade do estudo, sobretudo em investigações que buscam integrar as estruturas espaciais urbanas à conectividade ecológica.

Contribuições sociais e ambientais – Em síntese, o material produzido apresenta contribuições sociais ao demonstrar os efeitos e as relações da forma urbana sobre as condições ecológicas, promovendo um debate qualificado acerca da sustentabilidade urbana. O artigo amplia a discussão sobre estratégias urbanas sustentáveis que integram morfologia urbana e paisagem, articulando infraestrutura, conectividade espacial e preservação ambiental. Os estudos analisados indicam instrumentos de mitigação das transformações antrópicas e dos impactos naturais por meio de ações de adaptação, conservação e preservação, como a implementação de corredores verdes, a identificação de áreas prioritárias para conservação e a análise de fatores urbanos que afetam diretamente a fauna e a flora. Logo, essa articulação reforça a necessidade de abordagens interdisciplinares capazes de reduzir a fragmentação ecológica e de consolidar uma interação simbiótica entre forma urbana e sustentabilidade das cidades.

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Publicado

10.10.2025

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

FLORES, Gabriela Martins; ZAMPIERI , Fábio Lúcio Lopes; SANTOS, Isis Portolan dos. Explorando a relação entre ecologia da paisagem e morfologia urbana: uma revisão sistemática. Periódico Técnico e Científico Cidades Verdes, [S. l.], v. 13, n. 46, 2025. DOI: 10.17271/23178604134620256042. Disponível em: https://publicacoes.amigosdanatureza.org.br/index.php/cidades_verdes/article/view/6042. Acesso em: 17 dez. 2025.