Ecotoxicidade da mistura dos inseticidas tiametoxam e lambda-cialotrina para a planta aquática Lemna minor

Autores

  • Leticia Sales Mercado Mestranda, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil e Bolsista CAPES, UNESP, Brasil.
  • Ana Carolina de Oliveira Mestranda, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil e Bolsista CAPES, UNESP, Brasil.
  • Pâmela Castro Pereira Doutoranda, Programa de Pós-Graduação em Agronomia e Bolsista FAPESP, UNESP, Brasil.
  • Claudinei da Cruz Professor Doutor, UNIFEB, Brasil.
  • Juliana Heloisa Pinê Américo-Pinheiro Professora Assistente Doutora, UNESP, Brasil.

Palavras-chave:

Macrófita. Piretróide. Poluição.

Resumo

Os inseticidas são substâncias utilizadas para o controle de insetos e pragas que afetam a produtividade agrícola e outras atividades econômicas e, estão entre as principais fontes de poluição de corpos d’água. O tiametoxam (neonicotinóide) e a lambda-cialotrina (piretróide) são defensivos agrícolas utilizados em várias culturas como do arroz irrigado e da cana. A mistura de inseticidas pode ocasionar efeitos adversos e desconhecidos daqueles analisados quando ocorre a exposição a uma substância. Esses efeitos podem ser observados em organismos não alvos de diferentes níveis tróficos, como as macrófitas aquáticas. O objetivo dessa pesquisa foi avaliar a ecotoxicidade da mistura dos inseticidas tiametoxam e lambda-cialotrina, em sua formulação comercial Engeo Pleno® (tiametoxam 141 g L-1 e lambda-cialotrina 106 g L-1), para a macrófita aquática Lemna minor. Os ensaios tiveram início com a aclimatação da macrófita em sala de bioensaio, onde permaneceram em meio Hoagland’s (água destilada e nutrientes), com intensidade de luz de aproximadamente 6.500 lux por um fotoperíodo de 12 h, com temperatura controlada de 25,0 ± 2,0 °C por quatro dias. Os ensaios foram realizados com quatro plantas por recipiente, cada planta contendo três frondes (folhas). Com o intuito de avaliar a sensibilidade das macrófitas foi realizado um ensaio com a substância de referência cloreto de sódio (NaCl). O ensaio de sensibilidade resultou na concentração letal para 50% dos organismos após sete dias de exposição (CL50;7d) ao NaCl de 0,50 g L-1 com intervalo de confiança (95%) entre 0,44 mg L-1 e 0,57 mg L-1. Houve a realização de ensaios preliminares para definir as concentrações a serem utilizadas no ensaio definitivo com a mistura dos inseticidas. O ensaio definitivo foi realizado com as concentrações da mistura dos inseticidas considerando a proporção de 11,8% de tiametoxan e 8,9% de lambda-cialotrina a seguir: 25,09 mg L⁻¹; 56,45 mg L⁻¹; 127 mg L⁻¹; 285,86 mg L⁻¹; 642,94 mg L⁻¹ e um controle (meio de cultivo com ausência dos inseticidas). Foram utilizadas três réplicas para cada concentração e o fator de diluição das concentrações foi de 2,25. A avaliação dos ensaios foi realizada no período de três, cinco e sete dias com quantificação do número de frondes e a presença de necrose e/ou clorose. No grupo controle não houve mortalidade. A maior porcentagem de mortalidade da macrófita foi registrada nas concentrações de 642,94 mg L-1 (100%) e 285,86 mg L-1 (67%) e a menor taxa de mortalidade (3,17%) ocorreu na concentração de 25,09 mg L-1. A CL50;7d da mistura dos inseticidas foi de 227,63 g L-1 com intervalo de confiança (95%) entre 205,33 mg L-1 e 252,33 mg L-1. Conclui-se que a mistura de tiametoxam e lambda-cialotrina é classificada como praticamente não tóxica para L. minor, pois mesmo em elevadas concentrações (CL50;7d > 100 mg L-1) a mistura dos inseticidas não causa letalidade para a planta aquática. Por ser um organismo resistente ao tiametoxam e lambda-cialotrina, recomendamos estudos para verificação da possível utilização de L. minor em biorremediação de ambientes aquáticos e tratamento de águas urbanas expostas à poluição por esses defensivos.

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Publicado

2023-01-05

Como Citar

Mercado, L. S., Oliveira, A. C. de, Pereira, P. C., Cruz, C. da, & Américo-Pinheiro, J. H. P. (2023). Ecotoxicidade da mistura dos inseticidas tiametoxam e lambda-cialotrina para a planta aquática Lemna minor. Scientific Journal ANAP, 1(1). Recuperado de https://publicacoes.amigosdanatureza.org.br/index.php/anap/article/view/3408