O descarte de fármacos pela população e importância da educação ambiental na redução da poluição das águas urbanas

Autores

  • Camilla Côrtes Carvalho-Heitor Professora Mestre, UEMG, Brasil
  • Juliana Heloisa Pinê Américo-Pinheiro Professora Titular, Universidade Brasil, Brasil.

Palavras-chave:

Contaminação. Medicamentos. Qualidade de água.

Resumo

O aumento na produção e consumo de fármacos desde aqueles destinados para fins estéticos até os utilizados no tratamento contínuo de doenças crônicas associado ao seu descarte inadequado pode prejudicar a saúde humana, animal e ambiental. O descarte dessas substâncias assim como de suas embalagens no lixo comum, em pias, ralos e vasos sanitários contaminam as águas urbanas e podem comprometer a qualidade das águas superficiais e subterrâneas. O objetivo desse estudo foi avaliar a forma de aquisição de medicamentos, descarte dos fármacos e de suas embalagens pela população do município de Frutal – MG a fim de propor medidas de educação ambiental visando reduzir a contaminação das águas urbanas. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário do Triângulo Mineiro com número de parecer 3.926.845 e CAAE: 27017219.0.0000.5565. Foi elaborado um questionário via Google Forms (plataforma livre e gratuita) com perguntas de múltipla escolha sobre o descarte de medicamentos com prazo de validade expirado, destinação de suas embalagens e aquisição desses compostos com prescrição médica. Esse questionário foi disponibilizado durante seis meses (28 de março a 9 de setembro de 2020) e divulgado por meio de redes sociais. Como critério de seleção para participação na pesquisa, foi estabelecida a idade mínima de 18 anos. Para analisar uma amostra significativa dessa população e estimar a margem de erro, foi utilizado o software Survey Monkey. O estudo permitiu atingir uma inferência de 3,2% de confiança e 99% de confiabilidade dentro da amostra coletada. O questionário foi respondido por 1.561 pessoas do município. Foi contatado que 67,1% dos participantes às vezes adquirem medicamentos sem prescrição médica desde que não fossem antibióticos, 21,4% sempre compram sem receita médica e a minoria (11,5%) nunca adquire sem prescrição médica. Sobre o descarte de medicamentos, 7,3% dos participantes da pesquisa fazem a destinação correta (devolução em farmácias) do medicamento após seu prazo de validade ser expirado enquanto que 92,7% realiza o descarte de forma incorreta (lixo comum, vaso sanitário, pias e armazenamento em domicílio). Na pergunta que se referia sobre embalagens de medicamentos, 84% dos participantes descartam no lixo comum, 15% no lixo reciclável e 1% devolve à farmácia onde adquiriu os medicamentos. Concluiu-se que a maioria da população de Frutal adquire medicamentos sem prescrição médica, descarta essas substâncias com prazo de validade expirado e suas embalagens de forma inadequada o que pode provocar a contaminação das águas urbanas visto que esses compostos presentes no esgoto são destinados a corpos d´água receptores sem tratamento para sua remoção. Ressalta-se que no Brasil, não há legislação que estabeleça limites máximos permitidos para esses contaminantes em água. Assim, é necessário programas de educação ambiental e políticas públicas a fim de conscientizar da população sobre os riscos do descarte inadequado de fármacos na saúde humana e ambiental e apresentação das formas adequadas de descarte e destinação dessas substâncias.

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Publicado

2023-01-05

Como Citar

Carvalho-Heitor, C. C., & Américo-Pinheiro, J. H. P. (2023). O descarte de fármacos pela população e importância da educação ambiental na redução da poluição das águas urbanas. Scientific Journal ANAP, 1(1). Recuperado de https://publicacoes.amigosdanatureza.org.br/index.php/anap/article/view/3410