“Ideias para o fim do mundo”: uma abordagem retórica e de ecocrítica pós-colonial

Resumo

Discutem-se atualmente questões relativas à faceta socioambiental da realidade mundial, destacando-se a presença marcante de certo aspecto apocalíptico nesse debate. Trata-se da consciência das ameaças, cada vez mais concretas, ao equilíbrio do meio ambiente do planeta Terra, das fragilidades e contradições das propostas do desenvolvimento sustentável e, por fim, do pessimismo com relação à possibilidade do surgimento de uma humanidade alternativa aos valores consumistas, materialistas, imperialistas, antropocêntricos do capitalismo, sobretudo em sua vertente economicamente mais agressiva. Nesse contexto de ameaças sombrias, pretende-se evidenciar que o discurso ecocrítico e de crítica pós-colonial do indígena brasileiro Ailton Krenak, veiculados em Ideias para o fim do mundo (2019), propõe retoricamente provar a seu auditório que a humanidade, se bem que já negligenciada e distorcida por ação do capitalismo mistificador, apresenta ainda condições propícias para uma renovação futura de mudanças de paradigmas. O artigo apresenta um desenho qualitativo e bibliográfico e conclui que Krenak, por meio de uso estratégico da retórica, potencializou a ação de seu discurso propositivo.