Educação Ambiental Crítica e Águas Urbanas: “A Meditação sobre o Tietê”, de Mário de Andrade

Autores

  • João Adalberto Campato Jr. Professor Doutor, Universidade Brasil, Brasil

Palavras-chave:

Educação Ambiental. Águas Urbanas. Meditação sobre o Tietê.

Resumo

Pretendeu-se elaborar um plano de aula de educação ambiental crítica sobre águas urbanas com base na leitura e na análise do poema “A Meditação sobre o Tietê”, do escritor modernista brasileiro Mário de Andrade (1893-1945). O poema em questão integra o livro Lira Paulistana (1945) e pode ser considerado um noturno, modalidade de longa composição poética em tom lamentoso, reflexivo e solene. Ao logo do poema, o eu lírico, tendo o Tietê como mote, faz uma série de referências ao rio, como, por exemplo, o fato de ele nascer perto do mar, mas dele se afastar em direção ao interior. O ponto central da composição ocorre quando o rio atravessa a cidade de São Paulo, na qualidade de um rio urbano, cujas águas são pesadas, oleosas e sujas. Semelhante tom negativo é intensificado com críticas sociais indiretas endereçadas aos grandes capitalistas, aos políticos indiferentes e mesmo aos religiosos demagogos, todos interessados num progresso mecânico que a tudo engole. Nesse sentido, buscou-se a elaboração de um plano de aula de educação ambiental crítica – destinado ao ensino médio - que tratasse especificamente de práticas ambientais de proteção de águas urbanas com base no exemplo do rio Tietê tal como ele se apresenta na realidade e tal como ele é figurada artisticamente no texto do escritor Mário do de Andrade. No plano de aula proposto, o referencial que sustenta teoricamente essa incursão é fornecido pela educação ambiental crítica e pela ecocrítica. A primeiro considera a educação ambiental como uma forma de politização dos alunos em relação aos problemas ambientais, revelando-lhes a existência de relações de poder subjacentes a tais problemas. A ecocrítica, por seu turno, preocupa-se em examinar como o discurso artístico representa esteticamente as questões relativas ao meio ambiente. No plano de aula sugerido, o professor deve apresentar aos alunos a história do Tietê e seu processo gradativo de poluição, bem como as tentativas fracassadas de limpá-lo e, em seguida, sensibilizá-los por meio do trabalho com o poema. A partir do poema, o professor, igualmente, poderá suscitar reflexões a fim que os alunos percebem o problema ambiental da água como decorrente de um complexo multifacetado de fatores, que, além do ecológico, encerram o político e o econômico. O meio ambiente, com efeito, deve ser abordado com um conjunto de fatores naturais e sociais que interagem continuamente, estabelecendo mudanças mútuas. A partir disso, os alunos são instados a avaliar criticamente as tentativas de despoluição do rio Tietê. Com o presente plano, espera-se empregar satisfatoriamente o texto literário como uma estratégia que habitualmente não é usada com vistas ao esclarecimento de alunos a respeito de problemas ambientais, principalmente os de planejamento e gestão de águas urbanas.

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Publicado

2023-01-11

Como Citar

CAMPATO JR., João Adalberto. Educação Ambiental Crítica e Águas Urbanas: “A Meditação sobre o Tietê”, de Mário de Andrade. Scientific Journal ANAP, [S. l.], v. 1, n. 1, 2023. Disponível em: https://publicacoes.amigosdanatureza.org.br/index.php/anap/article/view/3460. Acesso em: 7 dez. 2024.