A agricultura urbana e os circuitos curtos de comercialização de alimentos: estudo da Cidade de Álvares Machado - SP

Resumo

As cidades situadas em países de capitalismo periférico como o Brasil costumam apresentar expansão territorial desordenada e dispersa, fazendo com que muitas áreas ainda não construídas permaneçam à espera de valorização pelo capital imobiliário, constituindo-se em potenciais áreas a serem ocupadas, mesmo que temporariamente, pela criação de pequenos animais e cultivos de vegetais, com destaque para as hortaliças. O texto tem como objetivo principal analisar as condições em que a agricultura urbana, expressa por meio das hortas, pode ser realizada e sua contribuição para o abastecimento local, por meio do estabelecimento de circuitos curtos de comercialização, sobretudo em tempos de pandemia da Covid 19. Tendo como recorte territorial a cidade de Álvares Machado, a pesquisa caracterizou-se como um estudo de caso, com foco quali-quantitativo, sendo realizados os seguintes procedimentos metodológicos: levantamento bibliográfico, seleção e leitura de material sobre o tema; coleta e sistematização de dados de fonte secundária; realização de entrevistas com pessoas chaves e aplicação de formulário a seis agricultores urbanos. Constatou-se que, apesar das dificuldades de acesso à terra e a água para a irrigação dos cultivos, da inexistência de serviços de assistência técnica oficiais e da ausência de políticas públicas (em âmbito nacional, estadual e municipal), os agricultores urbanos são responsáveis por importante parcela da produção de folhosas e legumes comercializados em barracas instaladas em ruas e avenidas de maior circulação e nas feiras livres. Esses canais de comercialização possibilitam o estabelecimento da relação direta entre produtores e consumidores, o que facilita o acesso à produtos in natura de boa qualidade e a preços mais acessíveis pela população.