DISCURSOS SUSTENTÁVEIS PARA POLÍTICAS PÚBLICAS INSUSTENTÁVEIS

Autores

  • Maria Fiszon
  • Liebert Rodrigues

DOI:

https://doi.org/10.17271/2318847232220151164

Resumo

O presente artigo estuda o uso do discurso ambiental na legitimação de políticas públicas de remoção e cercamento de favelas na cidade do Rio de Janeiro. Esse discurso, enunciado pelas autoridades e veículos midiáticos, se apoia em argumentos nos quais a defesa da natureza justifica ações urbanas, que acentuam o quadro de exclusão vivido pelos moradores das favelas. A partir de uma abordagem teórica crítica discute-se o uso do termo sustentabilidade como reforço positivo para as mais diferentes práticas, por seu caráter aparentemente neutro, em nome de um pretenso bem comum. Assim, a análise avança sobre a denominação “áreas de risco”, utilizada amplamente após as chuvas ocorridas em abril de 2010, no Rio de Janeiro, para validar quaisquer remoções em localidades favelizadas, ainda que muitas destas não estivessem situadas em terrenos geologicamente instáveis. Os primeiros resultados apontam que o discurso das “áreas de risco” faz parte de um repertório de argumentos que se utilizam da consciência ambiental para legitimar ações de remoção e contenção de áreas de baixa renda, enquanto que as áreas de alto padrão em sítios semelhantes aos considerados “de risco” permanecem intactas. Tendo em vista tal contradição, é possível conjecturar que este apelo discursivo, dito sustentável, naturaliza políticas públicas segregadoras, que negam à população em situação favelada o direito à cidade.

 

PALAVRAS-CHAVE: Discurso ambiental, favela, áreas de risco.

 

HOW SUSTAINABILITY DISCOURSE IS USED TO SUPPORT UNSUSTAINABLE PUBLIC POLICIES

 

ABSTRACT

The following article brings a study on how the environmental protection discourse is used to authorize urban public policies in favelas in Rio de Janeiro, which includes the removal and enclosure of the favelas. The discourse, given by the media and the government, uses arguments about nature’s preservation to justify the exclusion process that favela’s inhabitants are often submitted. From a critical approach, the discussion follows questioning the acceptance of sustainability as a term that always attaches beneficial aspects supposedly above political and economic interests. Therefore, the analysis discuss how the denomination of “risk areas”, is a meaning to validate different removal actions in favelas, especially after the historical storms that took place in April 2010, even if they are not all located in areas under collapse risk. First results indicate that the “risk areas” discourse is part of repertory of arguments that use environmental responsibility to legitimate remove and contain areas occupied by low-income population, while high-income areas that occupy locations with similar geological conditions rest untouched. Observing these aspects, is possible to evaluate that the environmental approach, introduced as sustainable, give to segregating public policies a higher acceptance, denying to favela’s inhabitants democratic access to the city.

 

KEYWORDS: Environmental discourse, favela, risk areas.

 

DISCURSOS SOSTENIBLES PARA POLÍTICAS PÚBLICAS NON SOSTENIBLES

 

RESUMEN

El presente artículo presenta un estudio el uso del discurso ambiental en la legitimación de políticas públicas de remoción y cercamiento de favelas en la ciudad de Rio de Janeiro. Este discurso, enunciado por las autoridades y los medios de comunicación, se basa en argumentos en los cuales la defensa de la naturaleza justifica acciones urbanas, que agravan el escenario de exclusión vivido por los habitantes de las favelas. Desde un abordaje teórico crítico se discute el uso del término sustentabilidad como refuerzo positivo para las más diferentes prácticas, por su carácter aparentemente neutral, en nombre de un supuesto bien común. Por lo tanto, el análisis avanza acerca de la denominación “áreas de riesgo”, utilizada ampliamente tras las lluvias, que ocurrieron en abril del 2010 para validar remociones cualesquiera en las localidades de las favelas, aunque muchas de estas no estuvieran situadas en terrenos geológicamente instables. Los primeros resultados señalan que el discurso de las “áreas de riesgo” es parte de un repertorio de argumentos que se utilizan de la consecuencia ambiental para legitimar acciones de remoción y contención de zonas de bajos ingresos, mientras que las zonas de más alto prestigio en sitios semejantes a los considerados “de riesgo” permanecen intactas. Considerando tal contradicción, es posible conjeturar que esta apelación discursiva, dicha sostenible, naturaliza las políticas públicas segregativas, que niegan a la población en situación marginal el derecho a la ciudad.

 

PALABRAS CLAVE: Discurso ambiental, favela, áreas de riesgo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Downloads

Publicado

17-11-2015

Como Citar

Fiszon, M., & Rodrigues, L. (2015). DISCURSOS SUSTENTÁVEIS PARA POLÍTICAS PÚBLICAS INSUSTENTÁVEIS. Revista Nacional De Gerenciamento De Cidades, 3(22). https://doi.org/10.17271/2318847232220151164

Edição

Seção

Artigos Completos