A preservação do patrimônio cultural nas pequenas cidades de formação recente do noroeste paulista

Resumo

Apesar da Constituição Federal de 1988 ter consagrado uma visão ampla e democrática de patrimônio cultural, as práticas do campo preservacionista muitas vezes persistem numa visão restrita do que deva ser consagrado como bem cultural. Mantém-se uma ideia geral difusa de que os patrimônios seriam apenas aquelas construções monumentais, ou assinadas por grandes artistas ou ainda produzidas em tempos longínquos. Essa concepção, na contramão do que propõe o texto constitucional ao campo da preservação, deixa de fora uma imensa maioria de cidades brasileiras, pequenas e de formação recente. Este trabalho visa contribuir para a desconstrução da limitante ideia de patrimônio cultural restrita à apenas bens monumentais e, consequentemente, aos instrumentos tradicionais de preservação, por meio da discussão sobre o patrimônio cultural em pequenas cidades de formação recente, com foco no noroeste paulista. A partir da revisão bibliográfica de autores como Gatti e Zandonade (2017), Endlich e Detoni (2022), Campos e Inoue (2020), Fontenele e Oksman (2018), pretende-se discutir e possibilitar uma compreensão crítica e ampliada sobre o conceito de patrimônio cultural. Ao discutir sobre a relação do patrimônio e as pequenas cidades de formação recente no noroeste paulista, objetiva-se trazer uma reflexão sobre como as cidades podem ser capazes de abranger o patrimônio local, não apenas visando a sua tutela perante as mudanças eminentes da cidade e seus espaços, mas também a fim de preservar e ressignificar sua identidade urbana no decorrer do tempo e das gerações, propiciando mais qualidade de vida, a apropriação e a identificação das pessoas.