Arquitetura, ideologia e governança urbana: uma leitura a partir da cidade de Fortaleza-CE
DOI:
https://doi.org/10.17271/2318847253220171594Abstract
Historicamente, a produção de edifícios institucionais públicos tem um peso importante nos arcabouços ideológicos da política brasileira. Se há algo a lamentar nessa herança é o fato de que, quase sempre, ela está associada ao dogmatismo e às decisões autocráticas. Este artigo traz uma reflexão sobre como esse caráter autoritário e ideológico busca refúgio no conceito de governança urbana, mas insidiosamente distorce a sua “boa prática”. Considera-se para tal entendimento a relação causal explicitamente estabelecida entre gestão pública (ou seja, a governança) e o campo arquitetônico e urbanístico, que ganha importância estratégica porque a cidade passa do status de objeto para sujeito-ator das políticas urbanas, convertendo-se agora em um laboratório privilegiado para revigorar as políticas de desenvolvimento econômico e social. A análise aqui realizada se apoia em uma prospecção sobre a concepção de edifícios institucionais públicos na cidade de Fortaleza nos últimos trinta anos. Em nome do turismo e da industrialização, esse esforço projetual caracteriza-se por tomadas de decisão que extrapolam ou simplesmente ignoram os dados mensuráveis da realidade socioespacial que deveriam nortear as intervenções urbanas. A prioridade econômica e o discurso mistificador fundamentam a implantação incoerente de objetos autônomos, propiciando novos conflitos e distorções urbanas.
PALAVRAS-CHAVE: Arquitetura institucional pública. Governança urbana. Política urbana.